13.3.23

a vida é irada (mas nem sempre)


em 2022 eu estava no modo 100% reclamona, tudo estava dando errado, perdi a conta de quantas crises de ansiedade eu tive e de quantas vezes pensei "que inferno de vida, como pode tudo ser tão sem graça?", sintomas bem típicos de quem está no fundo do poço, essa é a verdade.

e, naturalmente, eu sou uma pessoa deslumbrada pela vida, eu me emociono com coisas simples, então qualquer pôr do sol já enche meus olhos d'agua (eu sou canceriana, é bom salientar). mas não tinha nada que me afetasse nesse ponto. nem ouvir gloria groove cantando radar me arrepiava mais. então eu entrei num ciclo vicioso de ficar mal por estar mal e daí pra frente foi só pra trás.

3.3.23

a volta dos que não foram ou o meu retorno pro mundo dos blogs


a última vez que eu escrevi aqui foi em 2016, o post de 2020 foi de outro blog que eu criei bem no início da pandemia e não dei continuidade, então redirecionei pra cá. nesse meio tempo, eu abri outro blog no wordpress, fiz um podcast, fiz textões no instagram, comecei cadernos criativos, enchi meu bloco de notas de reflexões aleatórias, escrevi muitas coisas que hoje eu nem concordo mais.

desde que eu me lembro dessa minha vida aqui na terra, eu gosto de contar e ouvir histórias, talvez por isso comece tantos projetos seguindo esse viés e tentando dar um rumo pra minha criatividade. mas eu me cobro muito e isso faz com que tudo que nasce bonito e fluido se desfaça em crítica e ansiedade.

aí de uns tempos pra cá, depois de muitas crises existenciais (muitas mesmo), em que eu neguei coisas muito intrínsecas sobre mim (e podemos falar disso num outro dia), eu passei a tentar me reconectar comigo, naquele processo bem clichê e necessário que todo mundo passa pelo menos uma vez na vida. só que hoje em dia, com tanta informação jogada na nossa cara num deslize no feed, isso fica um pouco mais difícil - principalmente quando se está sem terapia.

[aliás, aquele conceito de low profile serve pra quem fica menos tempo nas redes sociais ou só pra quem posta pouco? porque eu não posto quase nada, mas gasto horas e horas e horas do meu dia em frente ao celular]

21.3.20

Ficção, caos e pandemia

Em 2019, me debrucei sobre o Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago, para escrever meu TCC e durante meses me percebi submersa no caos da cidade fictícia por ele criada. Agora, pouco mais de 3 meses depois de entregar o trabalho, me percebo submersa, novamente, à atmosfera retratada na obra que estudei. E aqui não falo sobre a possibilidade de estarmos vivendo uma realidade exatamente igual ao que Saramago escreveu, não é o caso, mas em como esse livro nos traz reflexões extremamente cabíveis ao momento.
Para quem não conhece a história, um resuminho rápido: Em uma cidade não-nomeada, gradativamente toda a população fica cega, com a exceção de uma mulher. Por acreditarem que se trata de uma doença contagiosa, o governo isola os primeiros cegos num manicômio abandonado. A quarentena, a preocupação com o que está acontecendo e não podemos ver, nem controlar, o desejo de que tudo isso passe o quanto antes, o medo do que pode acontecer, a saudade das pessoas que amamos, a indignação com a desigualdade e tantas outras coisas nos conectam aos cegos do Ensaio sobre a Cegueira.
A mulher do médico, por muitas vezes, deseja não ver para não precisar lidar com todo caos ao seu redor, assim como dorme e acorda pensando em como seria bom se todo o tormento passasse logo. Além disso, ainda reflete sobre a importância de enxergar em meio aos cegos. E essas são sensações que conhecemos bem. Durante o isolamento vem a ansiedade, o desespero... As fakes news rondando as redes sociais, a desigualdade social sendo evidenciada a cada minuto, os limites nas relações humanas sendo colocadas à prova na disputa por álcool em gel. E assim o caos vai se instalando.

17.7.16

Particular

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Sentimento não é regra, sentimento é exceção. Cada um sente a sua maneira e não adianta tentar generalizar. Se nenhum ser humano é igual, quem dirá o que se passa dentro de cada um. Sentimento não se julga, não se compreende, não se imita, não se repreende. Ele apenas existe. Calado, guardado entre sete chaves. Escancarado, escandaloso, exposto aos sete ventos. Existe sozinho, sem exigência, sem cobrança, sem rótulos. Nasce puro e único, fugindo dos padrões que o mundo insiste em colocar em tudo.

Sentimento nasce cru, sem lapidação. Nasce semente, no anseio de encontrar um lar pra florescer. Implora cuidado e atenção e grita cada vez que é ignorado, sufocado e deixado de lado. Sentimento brota pedindo pra ser espalhado, compartilhado, multiplicado em cada esquina que for possível. Mas a gente mata. Todo dia. Ignora. A gratidão, a alegria, a euforia, a excitação, a compaixão, a empatia, o amor. Até a raiva, o estresse, a ansiedade. A gente alimenta o medo. O medo de sentir, de se envolver, de viver.

16.7.16

Nos detalhes

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Todos os dias, eu reafirmo a teoria de que a alegria está nas pequenas coisas. Os grandes acontecimentos são maravilhosos, mas nada se compara aos pequenos prazeres diários. Um abraço apertado, um cafuné gostoso ou um sorriso no olhar. A comida preferida, promoção de algo que quero muito comprar, pôr do sol e silêncio depois de um dia agitado. Reencontrar os amigos depois de um fim de semana cheio de acontecimentos, nota boa numa prova difícil, lugar vago no ônibus. Usar uma roupa nova, receber um elogio, ouvir minha música favorita. Descobrir algum evento incrível e gratuito, contar uma história importante a alguém especial, fazer uma nova amizade. Tirar uma foto bonita, trocar olhares com alguém, rir até escorrer uma lagriminha no canto dos olhos. Ler um poema emocionante, encontrar alguém que não vejo há muito tempo, encontrar algum dinheiro perdido na mochila. Tomar água geladinha depois de andar por muito tempo num dia muito quente, dormir ouvindo o barulho da chuva, acordar e perceber que posso dormir mais um pouco. Cantar bem alto, dançar até sentir as pernas doerem e fazer piadinhas bobas sem ser julgada. 

O gostoso é aproveitar cada minuto do dia, com aquela certeza de que o tempo que passou não volta e a tranquilidade de saber que me doei a cada momento que a vida me propôs. Seja numa segunda feira corrida e repleta de compromissos ou numa tarde preguiçosa de domingo, não existe sensação mais satisfatória do que se sentir feliz por viver cada segundo com plenitude. Não vale a pena deixar o tempo escapar à espera de fatos esplendorosos. A mágica está nessas miudezas escondidas na rotina. Existe amor em todo canto e a poesia está nos detalhes.

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